Raquel se sentia culpada como nunca. Pobre Gordinho! Sua pressão baixou com o calor e ele desmaiou! O martelo da vergonha parecia estar ainda mais pesado em sua bolsa. Relembrava cada martelada no ar condicionado e cada uma delas parecia doer em sua própria cabeça. Além da culpa ela se sentia agora, impotente. Usou toda sua força e astúcia pra resolver o embate, mas fora vencida pela fragilidade do colega. Ele precisava mesmo viver no frio congelante, afinal. Não era birra nem frescura.
No pronto-socorro ela esperou todos irem embora para chegar do seu lado e dizer, seco e curto.
-Fui eu. Quebrei o ar condicionado de propósito.
Seus olhinhos pequenos como duas azeitonas solitárias numa pizza família piscaram várias vezes.
-Tudo bem, eu guardo segredo. Eu também já pensei em quebrar o ar, mas pra ficar frio e não quente.
Ela nunca tinha reparado, mas olhando bem dentro dos olhos do Gordinho havia uma criança. Aquela que passa o recreio sozinha e nunca é escolhido pro time de futebol. Resolveu então que agora passaria a chamá-lo de Geraldinho. Passaram a tarde toda conversando, tentando encontrar uma solução pra diferença corpórea de cada um.
Agora a situação está melhor no escritório. O ar condicionado fica numa temperatura média e Geraldinho ganhou o seu próprio ventilador. Vez ou outra Raquel e Geraldinho até saem juntos pra almoçar e um dos assuntos preferidos é difamar a intragável da Helena. Um dia ainda vão descobrir como se livrar dela, mas não será com um martelo.
Legal, Andrea!
Vc escreve muito bem. Parabéns!
Bjo na alma!
Andrea, acabei de descobrir seu blog (via Querido Leitor) e já inclui nosmeus favoritos. Curti muito o Office Fúria, pois também trabalho na Vila Olimpia e conheço bem este trânsito miserável. Voltarei sempre que possível. Um beijo.
ai, amigo! muita força aí na vila olímpia! trabalhei lá por um ano e meio.
Andrea
Trabalhando na mesma salinha que você e só fui saber do seu blog através do QL !
Menina, você escreve muito bem. Office Furia está de babar.
Parabéns.