No Largo da Santa Cecília há uma praça feia, bem na boca do metrô. Por lá circula de tudo: camelô, carrinho de hot dog, estudante do mackenzie, médico da santa casa.
O que sempre me chama a atenção, destoantes, são os tabuleiros de damas. São duas mesas grudadas no chão, acompanhadas de banquinhos de concreto. As pedras não são pedras, são tampinhas de garrafa.
Os idosos que se reunem alí passam horas exercitando suas estratégias, munidos apenas de suas boinas e bengalas.
Em meio a travestis, alcóolatras e cachorrros abandonados eles inventam duelos, rezam pela sorte e vencem batalhas.
Bem alí, onde os mendigos já perderam a lucidez, a inteligência destes nobres senhores resiste.